quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Metrô-DF: Levantador joga com apenas uma perna

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Nome: Cláudio Irineu da Silva
Data de nascimento: 2 de julho de 1969
Local: Brasília
Altura: 1,76m
Peso: 72kg
Principais resultados:» tetracampeão mundial de futebol de amputados com a Seleção Brasileira» campeão do ParaPan do Rio-2007, com a Seleção Brasileira de vôlei» 6º colocado nas Paraolimpíadas de Pequim-2008, com a Seleção Brasileira de vôlei


Comandante do time amador do Metrô do DF, Cláudio Irineu dispensa prótese e apoia-se na única perna para liderar sua equipe e impressionar quem o vê jogar. O time de vôlei dos funcionários do Metrô não é excepcional. Mas, sempre que entra em quadra, ele causa espanto. E não é para menos. Afinal, quem bate os olhos no levantador da equipe pela primeira vez custa a acreditar no que está vendo.Aos 40 anos, Cláudio Irineu da Silva não tem a perna esquerda, amputada depois de um procedimento desastroso realizado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), em 1990. Para se locomover, ele usa uma prótese como tantos outros. Mas, para jogar, incrivelmente, Cláudio se sente mais confortável sem ela. Assim, equilibrando-se sobre a perna direita, o levantador do Metrô cumpre suas funções de distribuir a bola para os companheiros de equipe. “A prótese me atrapalha na hora de jogar. Me sinto melhor na quadra sem ela”, explica, sorrindo.Com Cláudio levantando, o time do Metrô foi vice-campeão da edição local 2009 dos Jogos Poliesportivos do Sesi (Jopese) e ficou em quarto lugar na edição regional (Centro-Oeste) da mesma competição, não se classificando para o torneio nacional.Isso, entretanto, não quer dizer que a carreira de Cláudio no esporte não seja bem sucedida. Pelo contrário. Quando a tragédia aconteceu, Cláudio sonhava em ser jogador profissional de futebol e já tinha iniciado a carreira como zagueiro do Ceilândia. O trauma vivido em 1990, aos 21 anos, não o afastou do mundo da bola. “Menos de um mês depois da amputação, fui convidado para uma palestra no Rio de Janeiro e, quando cheguei lá, tinha um monte de gente amputada jogando bola. Aí, eu me envolvi e voltei para o esporte”, lembra, orgulhoso. A carreira no futebol de amputados não poderia ter sido mais brilhante. Com a Seleção Brasileira, da qual se aposentou este ano, Cláudio foi tetracampeão mundial. “Eu realizei um sonho meu e do meu pai”, emociona-se, lembrando de tudo o que viveu e do pai, Irineu Joaquim da Silva, falecido em 1987. “Eu posso dizer que vesti a camisa da Seleção e fui campeão. O símbolo da Seleção de Amputados é o mesmo que está na camisa da Seleção Brasileira de futebol”, orgulha-se.Há cerca de cinco anos, Cláudio descobriu um outro esporte: o vôlei paraolímpico, que é praticado sentado. Talentoso e apaixonado pela modalidade desde adolescente, ele, que treinava futebol e vôlei antes de se tornar profissional dos gramados, também chegou à Seleção Brasileira. E com ela, foi campeão dos Jogos Parapanamericanos do Rio-2007. Dois anos depois, ele exibe a belíssima medalha de ouro e fala de peito cheio: “Foi o meu maior momento no esporte”. Cláudio logicamente sabe que, de início, ele causa estranheza em quem nunca o viu atuando. Mas, acostumado com isso, ele até já acumula histórias divertidas, que conta ao risos. “No começo o pessoal fica espantando, mas depois, quando o jogo começa, eles se acostumam”, declara.“Tem até uma história engraçada sobre isso. Outro dia, estava passando na frente do vestiário de um time que a gente ia jogar contra nos Jogos do Sesi, e aí ouvi o treinador dizendo: ‘Eu já vi esse time jogar. Temos que marcar o atacante gordinho e o levantador sem perna. Se a gente marcar esses dois caras, a gente pode ganhar”.Cláudio conta que imediatamente parou para ouvir o resto da história. “Aí o pessoal perguntou: ‘Levantador sem perna? Como é que pode isso? E o cara respondeu: “Sem perna, mas joga muito!”, lembra, às gargalhadas. “Meu deu vontade de entrar lá e dizer: ‘Ei, o sem perna sou eu...”Erismar Antônio dos Santos, o “atacante gordinho”, que joga com o levantador há um ano, ressalta: “Ele é o cabeça do grupo. É um líder nato. Exerce uma influência muito grande em todos nós, é um destaque na equipe e valeu a pena para mim viver essa experiência ao lado dele.”

3 comentários:

  1. Conheci o Cláudio (Shokito) no Hospital de Base, em 1990, época em que sofri um acidente e também estava internada. Ele é uma pessoa maravilhosa, sempre com esse sorriso lindo no rosto, não se deixou abater pela tragédia que sofreu e deu a volta por cima. parabéns, Cláudio. Saudade de você. Desejo sempre muito sucesso pois vc é muito especial para mim. Cecília.

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  2. Shokito é um exemplo de superação e um talento. Vale ressaltar que , qndo profissional de futebol, tinha tudo pra vestir a amarelinha jogava como poucos e ainda tinha o diferencial da impulsão. Com muito carinho digo que falo de você pra todos que colocam dificuldades pra viver. Sou seu fã, ZIQUINHO da Ceilândia. Um abraço e muitas felicidades.

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  3. Sou um privilegiado, pois tenho a sorte de tê-lo como primo. Ele me inspira a superar os meus maiores desafios. Forte abraço, Shokito.
    R Duff.

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