
Problemas são cada vez mais frequentes no metrô
Construído para ajudar a desafogar o trânsito de Brasília, transporte sofre com falhas técnicas e também com a superlotação. Apenas no mês passado, foram sete panes graves no sistema. O meio de transporte é do futuro, mas a rotina enfrentada pelos passageiros é repleta de problemas. “A gente segura aqui nesse ferro para não cair. Se a gente tirar a mão, perde o lugar”, conta um usuário. “Tem hora que tem que ficar disputando na porta pra não ser esmagado na porta na hora que entra”, afirma outro passageiro. Esse é só o começo de uma viagem que, ao contrário do que se espera, tem se tornado lenta e, para alguns, ineficiente. “Às vezes, o trem para nos trilhos, interdita os outros que vem atrás. É um caos total”, conta a gerente de projetos Daniela da Silva Souza. Problemas no metrô são cada vez mais comuns. Somente no mês passado, houve pelo menos sete situações mais graves, em que os passageiros tiveram que trocar de trem. Em uma delas, dois carros descarrilaram. Por sorte ninguém se feriu. Foi no trecho entre as estações Ceilândia Norte e Terminal Terminal Ceilândia que no dia doze de abril um dos trens do metrô saiu dos trilhos. Os passageiros tiveram que descer dos carros de forma improvisada. Uma das estações ficou fechada quase metade do dia e só em outra era possível fazer o embarque e o desembarque dos passageiros. “Eu acho que se o intervalo do metro fosse menor e não tivesse tanto estrago, tantos metrôs quebrados a gente teria um transporte melhor”, avalia o funcionário público Márcio Araújo. Esse é o desafio de um sistema que cresce a cada dia. O metrô triplicou o número de passageiros transportados. Nos três últimos anos, oito novas estações começaram a funcionar – já são 24. Um avanço bem visto por fora, mas e por dentro? O que está acontecendo? “É preciso estar sempre investindo. O investimento é constante não só no crescimento de oferta de capacidade como na manutenção do que já existe”, explica o especialista em transporte Luís Cláudio Montenegro. O Sindicato dos servidores do metrô denuncia que os trens estariam rodando com equipamentos ultrapassados, como os computadores que controlam os limites de velocidade e as paradas de emergência. Os rádios de comunicação também não existem mais no mercado e a direção do metrô chegou até a autorizar o funcionamento dos trens sem eles. “Se o trem não tem rádio, como o piloto ou o trabalhador que esta na plataforma vai se comunicar com a empresa pra dizer que houve um acidente ou que uma pessoa caiu na via ou algo do gênero?”, questiona o presidente do Sindicato dos Metroviários, Solano Teodoro da Trindade. Os pilotos também são autorizados a rodar sem equipamentos reserva. Se quebrar no meio do caminho, quebrou e não tem o que fazer. É o caso do inversor. Os trens rodam ainda sem os freios elétricos, usados para parar em velocidade acima de 20 quilômetros por hora. Usa-se então o freio mecânico, que fica desgastado. E a manutenção - feita por uma empresa terceirizada - não resolve afirma o sindicato. “O trem é recolhido. Imagina um trem rebocado a 10 quilômetros por hora, saindo daqui do centro de Brasília até o pátio em Águas Claras. Ele chega lá, a manutenção fala que arruma ele volta pra via e quebra de novo – e novamente mais transtorno para a população. Não há uma fiscalização efetiva por parte da diretoria do metrô”, afirma presidente do Sindicato dos Metroviários. Por ano, o metrô gasta R$ 99 milhões com a manutenção dos trens. O Tribunal de Contas do DF ainda não analisou as contas do ano passado, mas há denúncias sendo apuradas pelo Ministério Público de que o contrato de terceirização da manutenção não está sendo cumprido. Outros trens devem se juntar aos que circulam hoje e precisam de manutenção. O GDF afirma que comprou doze novos veículos, a R$ 260 milhões. O primeiro está previsto para chegar no mês que vem. Enquanto isso, o passageiro dorme, com a esperança de acordar do pesadelo.
Fonte: DFTV - Rede Globo
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