
CGU investiga denúncias de mau uso do dinheiro público pela empresa que gerencia o metrô. CGU descobriu que preço dos materiais utilizados foi diferente em fins de semana, feriados ou à noite. O metrô de Brasília é o segundo maior do país em extensão, mas ainda está longe de atender a necessidade de quem utiliza o transporte. Pelo menos 16 estações precisam ser inauguradas. Apenas 23 percorrem 42 quilômetros em duas linhas. “Não é mais como antigamente, antigamente de 10 a 15 minutos passava um, agora sempre demora um pouco. Não está mais como era antes no começo”, afirma a aposentada Edna Arantes. Um começo nada fácil. Primeiro faltou dinheiro para construir, depois veio a dificuldade para entrar em funcionamento. Agora, além dos problemas dos operacionais, é preciso diminuir a dependência do GDF. Por mês, o governo repassa R$ 7,5 milhões para a companhia que administra o metrô, metade do que é preciso para que os trens não parem de rodar. Estar no vermelho não é uma condição única do metrô de Brasília. Em praticamente todo o mundo, é o estado que ajuda a manter esse tipo de transporte por conta do alto custo de manutenção, mas em Brasília o rombo é comparativamente maior do que em outras cidades brasileiras – e há explicação para isso. Diferente de outros metrôs, em Brasília o aluguel de lojas nas estações e a publicidade em trens, vias e paradas não são explorados. Em São Paulo, por exemplo, desses espaços gera uma renda de R$ 119 milhões por ano. No Rio de Janeiro, a renda chega a quase R$ 22 milhões por ano. O que também poderia melhorar a renda do metrô da cidade é a integração com os ônibus, que aumentaria o número de passageiros e o faturamento e essa deficiência é utilizada por muitas pessoas como argumento para preferir o carro. “Nas diversas camadas, até nas camadas mais pobres, a motorização já veio para ficar. Ela só pode ser revertida se o usuário tiver a sua disposição um sistema confiável, com o qual ele pode efetivamente planejar”, explica o professor da UnB Joaquim Aragão. Não bastasse as contas negativas, uma auditoria da CGU mostrou que há mau uso dos recursos destinados ao metrô. De R$ 40 milhões repassados pelo governo federal, R$ 11 milhões teriam sido gastos de forma ilegal. As falhas foram constatadas nas construções de quatro estações em Ceilândia. Os auditores observaram que houve sobrepreço, pagamento de valor acima do normal por um produto ou serviço. Para assentar um metro quadrado de granito, o metrô de Brasília pagou cinco horas de trabalho para um pedreiro. De acordo com a CGU, dez vezes mais que o previsto na tabela da Caixa Econômica Federal e 17 vezes mais horas do que é pago pela prefeitura de São Paulo. E o inacreditável: foi constatado que quanto maior a espessura do granito, mais horas eram pagas pelo serviço. “Nós pesquisamos todos os referenciais, inclusive em outros estados, e não justifica. A maior parte da obra é civil, os itens que nós questionamos são itens como granito e obras de alvenaria”, detalha o secretário de controle interno da CGU, Valdir Teixeira. A CGU também identificou um gasto com encargos sociais 43% acima do estimado e para inflacionar essa conta a direção do metrô pagou adicional noturno e de fim de semana para os funcionários e para os produtos utilizados na obra. Um tijolo usado durante a semana custava um preço e na madrugada, sábado ou domingo, tinha outro valor. “Deveria melhorar o sistema,né? Mas tem verba e o povo gasta de qualquer maneira, em vez de fazer algo em prol da sociedade”, avalia o servidor público Juarez Vasconcelos. “É o transporte do futuro, se ele não melhorar, como a gente vai ficar”, questiona uma usuária. De acordo com o presidente do Metrô, Divino Alves dos Santos, os preços de materiais de construção cerca de 25% caros para o turno da noite é motivo de preocupação e a denúncia vai ser investigada para descobrir qual a melhor forma de utilizar esses recursos. “Eu não gostaria de entrar em detalhes mesmo porque, na comparação veementemente técnica, não há comparação de um granito onde vai passar um veiculo pesado por um metrô e outro, como outro que nasce em qualquer lugar”, diz o diretor. Na manhã desta quinta-feira, dia 20, um trem do metrô enguiçou na estação Taguatinga e os passageiros entraram no terem, mas tiveram de descer e pegar um novo trem. “Nós estamos saindo de um número de passageiros de 12 mil para 120 mil passageiros”, conta.
Fonte: DFTV - Rede Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário