A Rodoviária do Plano Piloto estava muito tranquila no final da tarde dessa quarta-feira, dia 24 . Pouca gente e quase nenhum ônibus. Ficar era arriscar. “Se não tiver opção, vou procurar um pirata. Tenho que chegar em casa”, conta o vidraceiro Humberto Gomes. Mas a multidão de trabalhadores, como o Humberto, tinha apenas mudado de lugar. O metrô, que deveria ser confortável e rápido, de repente perdeu suas vantagens por excesso de passageiros. Do Guará a Samambaia, todo mundo queria voltar pra casa e ninguém soube explicar nem quando nem porque os portões foram fechados. “Eles falaram que a linha está com problema e o metrô não está conseguindo acessar a linha pra passar”, diz a estudante Polyana Barbosa. A confusão se repetiu em todas as estações do metrô. Os trens que antes passavam lotados e nem paravam, simplesmente, desapareceram. Nenhum ruído saía das plataformas. “Cansei de ficar esperando na estação. Já fui pra rua fazer compras, voltei e o portão continua fechado”, diz a doméstica Francisca da Rocha. Por volta das 19h, o embarque foi liberado. Houve início de empurra-empurra. Correria e até euforia entre as pessoas pra conseguir embarcar. E uma multidão começou a aparecer no sentido inverso. Eram passageiros assustados que saiam da plataforma. Eles estavam nos trens parados nos trilhos. “Muita gente começou a passar mal, teve gente que desmaiou”, lembra a depiladora Gilkacy Alves Formiga. “Quando eu fui descer do metrô vi um rapaz que ficou com a perna entre o trem e a descida. Ele quebrou a perna”, conta Renato Soares Pinheiro. A equipe de reportagem do Bom Dia DF gravou os primeiros socorros ao garoto. O Corpo de Bombeiros chegou rápido e imobilizou a perna fraturada. Mateus, de 12 anos, que tinha embarcado sozinho, acabou vítima do desespero de não ficar pra traz depois de um dia de trabalho. “O pessoal me empurrou e a minha perna caiu no buraco. Depois disso, não lembro mais”, diz Mateus. O caos no metrô fez outras vítimas. Imagens gravadas de celular, quando os trens estavam parados nos trilhos, mostram pessoas sendo amparadas, carregadas em macas. Edivaldo ficou preso por quase meia hora em um dos vagões na Estação do Guará. Ele conseguiu registrar o sufoco dos passageiros. “Dentro do vagão não tinha ventilação nenhuma, o pessoal começou a ficar desesperado. Com isso, eles começaram a socar os vidros das portas. Teve uma janela que teve o vidro estilhaçado, mas como é um vidro preparado ele não ficou em pedaçinhos”, relata o servidor público Edvaldo Alves de Oliveira. Por volta das 21h, o metrô continuava lotado. Dezenas de pessoas desciam na Estação de Taguatinga e reclamavam que estavam demorando mais de uma hora pra embarcar. “Desisti, não vou tentar outra alternativa. O jeito é ligar pra alguém vir me buscar, infelizmente, é esse caos”, reclama o bancário Leonardo da Silva Cardoso. A equipe do Bom Dia DF deixou a estação com muita gente ainda a caminho de casa, e querendo esquecer o restinho de noite dessa quarta-feira. “Eu me sinto humilhada, ultrajada e ridicularizada por esse sistema. Estou com a perna formigando”, desabafa a auxiliar administrativa Michele Cantuária.Fonte: Bom dia DF - Rede Globo
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