Com 35 locomotivas em carteira – metade da capacidade instalada – e mais um pedido “que ainda não podemos revelar”, segundo Billy Ainsworth, presidente da empresa, a Progress Rail inaugurou nesta quinta-feira (29/11), em Sete Lagoas (MG), a sua fábrica de locomotivas diesel- elétricas, recomeçando a fabricação de máquinas EMD no Brasil, 20 anos após a desativação da Equipamentos Villares em Araraquara.
“Eles são muito bem vistos pelos clientes americanos”, disse Eduardo Parente, presidente da MRS, presente à inauguração em Sete Lagoas, e que só comprou GE até hoje. “Acho que tem boas chances no Brasil”. Para um mercado que comprou, no ano passado, 113 locomotivas, todas da GE, vai ser uma disputa interessante.
A Progress Rail é o braço ferroviário da Caterpillar, gigante da indústria de motores dos Estados Unidos, que comprou a EMD em 2010 de um fundo de investimentos americano, que por sua vez havia adquirido a fábrica de locomotivas da GM – criadora da marca EMD – em 2005. No Brasil, a Progress Rail controla desde 2006 a MGE, que toca a fábrica de Sete Lagoas, a unidade de reforma de locomotivas de Hortolândia (SP) e a fábrica de motores de tração de Diadema (SP).
Como explicar toda essa disposição num mercado afinal estreito como o Brasil, e onde já existe um forte competidor? Olhando para o futuro, respondeu o presidente do Grupo Caterpillar, o francês Gerard Vitcoq, no seu discurso de ontem: “vemos o transporte ferroviário como uma das mega-tendências que vão mudar o cenário competitivo nos próximos anos. Acontece também que o centro das atividades econômicas está mudando dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento, o que cria uma forte demanda por energia, transporte e infraestrutura em geral. Estamos vivendo uma mudança histórica, que vai durar décadas”.
Vitcoq citou uma pesquisa segundo a qual, em 2007, os países em desenvolvimento representavam 27 % do PIB mundial, participação que deverá subir para 54 % no ano 2050. Na mesma pesquisa, o Brasil, que era a sétima economia mundial em 2007, será a quinta em 2050, “ultrapassando o Japão e a Alemanha”. E concluiu: “estamos no negócio certo, na hora certa e no lugar certo”.
Outras mega-tendência, na visão de Vitcoq, são o surgimento do gás natural e do gás de xisto como fonte de energia cada vez mais importante, e por conta disso a Caterpillar está desenvolvendo uma locomotiva gás-elétrica no seu centro de pesquisa no Illinois. Citou também o avanço no emprego de “smart locomotives” e de “smart traffic management”, que vão representar em futuro próximo uma mudança tão importante quanto foi a do celular para o smartphone.
Presentes à inauguração o ministro dos Transportes, Paulo Sergio Passos; o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo; o presidente da FCA e da VLI, Marcelo Spinelli, comprador de 14 locomotivas da nova fábrica; o gerente de logística da Eldorado Brasil, Alvaro Bunster, comprador de outras 21; o diretor de Logística da Vale, Humberto Freitas, e o diretor geral da ANTT, Ivo Borges.